Monday 9 August 2010

Cadê as liberdades individuais?

Eu não voto nem nunca votei... Só no Emídio em Osasco, Mas aí estamos falando de um fora de série.

Acompanho essas eleições bem de longe, mais por falta de interesse e descrença nesse sistema democrático mesmo. Nem sei o que achar desses candidatos que nos são apresentados. Me parece algo semelhante ao que ocorreu na seleção brasileira de 2006 a 2010, de repente não temos mais quase nenhum nome de pedigree e a coisa toda me parece menos pomposa. Nem sei se isso é bom ou ruim.

Não vi o debate (po, jogo mais importante do ano tava rolando), não acompanho muito de perto as plataformas de nenhum dos candidatos, nem parei para ler nenhum dos manifestos no site do TSE, mas novamente o assunto das liberdades individuais não passa nem de longe pelas pautas de nenhum dos partidos. Nem na imprensa, nem nas rodinhas de bebedouro. Parece ser um problema ao qual só uma minoria se importa, só uma minoria se mobiliza, só uma minoria dá a mínima.

Exemplo claro disso foi "O Povo quer Saber com José Serra" do CQC...

Primeira pergunta - "O que você pensa sobre o Aborto?"
Serra - "Eu acho uma coisa lamentável... Uma coisa muito triste..."
Segunda pergunta - "Você pensa em discriminalizar o uso das drogas?"
Serra - "Não penso não... Eu acho que é uma estratégia que acabaria não dando certo."

Daí em diante as perguntas foram mais ao encontro do discurso já pronto dele e a coisa segue sem novidades (confira na íntegra aqui http://www.youtube.com/watch?v=r9f6ADRjSFA)

Mas porra Serra, tu não era Ministro da Saúde??? Não tinha uma respostinha melhor do que essa não?

O que me entristece, é ver que em pleno século XXI os tópicos que envolvem liberdades individuais ainda são tabus em nossa sociedade. Não na prática, não no Brasil que faz 1 milhão de abortos por ano,(e perde cerca de 1 mulher por dia), não no Brasil que tem 3 milhões de usuários de maconha, e ainda perde tempo e dinheiro do contribuinte em atos como esse http://blog.marchadamaconha.org/musico-preso-por-plantar-maconha-teme-que-caso-se-repita_2004 . Esses dados e números são puxados do Google, a realidade deve ser muito maior.

Percebe-se facilmente então que hoje, rotular algo de ilegal não significa que esse algo não existe ou não vai acontecer. Simplesmente significa que é algo cuja sociedade decidiu fazer vista grossa e que o mercado negro - pagando os devidos impostos para a polícia (propina) - detém o monopólio absoluto.

Vai continuar a haver uma procura intensa por abortos no Brasil, sejam eles legais ou não. Tristes ou alegres. Vão continuar a existir milhões de usuários de drogas por toda parte, sejam eles Billy Joe Armstrong ou Cheech & Chong. Otto ou Caetano Veloso. Freud ou Bob Marley.

O que me entristece mesmo, muito mais do que o Aborto, é ver essa multidão silenciosa que vê no status quo uma realidade aceitável. Que sabe que o jogo político não é para eles, nem nunca será. É ver um mundo de gente que aceita viver as escondidas. Gente que faz aquilo que quer, ou precisa, sem poder contar com o apoio do governo nem de ninguém.

Quem apoiar numa hora dessas, então?

Eu apoio Picon3

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